24 de fevereiro de 2009

RS Entrevista - Elipê


Entrevistamos a banda Elipê, uma das bandas que se apresentou nos 15 anos do Palco do Rock. A banda revela um pouco do novo CD, conta a história da formação e o que faz a Elipê ser uma banda que se diferencia das demais.
1 - Conte um pouco sobre a história da formação da banda.


(Elipê) A Elipê foi fundada em meados de 2004, e mantém sua formação desde final de 2006. A idéia de montar uma banda veio de Mateus, Didhio e Beavis após o fim da BSk, que era uma banda de hardcore. Dudu estava aprendendo a tocar bateria e uma amiga nossa chamada Laís (hoje vocalista da Autoreverso) foram chamados para a primeira formação da banda. Depois de sucessivas trocas de integrantes, Thiago Colares fixou-se como guitarrista em 2005, quando gravamos a nossa primeira demo, e a Paula entrou no fim de 2006. No início de 2007 a gente entrou em estúdio para gravar o primeiro CD, entitulado "A Tela", com Jera Cravo no estúdio Vértice. Desde então estamos batalhando para que nosso som seja ouvido pela maior quantidade de pessoas possível através de shows diversos e usando a internet intensamente.
2 - Como foi estar entre os semifinalistas do GAS Sound?

(Elipê) Foi uma experiência única. A classificação da Elipê para a seletiva de Recife, e o fato ter saído de lá como uma das vencedoras, nos encheu de orgulho. As bandas eram muito boas, e ouvimos da produção que aquela foi à etapa regional mais acirrada e de ótimo nível. A semifinal em São Paulo nos colocou num intercâmbio cultural enriquecedor. Conhecemos bandas fantásticas do Brasil inteiro, com alta qualidade e que estão, assim como nós, batalhando por um lugar ao sol. Ficamos muito felizes em saber que o título do concurso veio pra Bahia pela Vivendo do Ócio, banda com a qual fizemos amizade e iniciamos uma parceria muito promissora. Por fim, fechamos bons contatos em ambas as cidades e nossas mídias de internet “bombaram”, mensagens do Brasil inteiro chegaram incentivando e elogiando nosso trabalho. Isso sim que é motivação!
3 - Quais bandas daqui de Salvador vocês escutam atualmente?

(Elipê) Muitas! Cascadura, O Círculo – com quem temos uma parceria muito produtiva, Vivendo do Ócio, Lou, Pessoas Invisíveis, Aguarráz, Deimoselle, Ênio e a Maloca, Autoreverso, Retrofoguetes, Automata, Pirigulino Babilake e por aí vai. A cena de Salvador é riquíssima e de altíssima qualidade! Pena que nem todos a enxerguem ainda.
4 - A banda está no processo de gravação de um no CD. O que os fãs podem esperar desse novo albúm?

(Elipê) É um álbum gerado por uma banda que cresceu bastante nesses últimos dois anos. Algumas concepções de música e letra mudaram em cada um dos cinco. Vivemos muitas experiências novas e ouvimos muita coisa nova. Experimentaremos outras sonoridades, outras linhas de composição e outras equalizações e timbragens. Além disto, as parcerias internas aumentaram muito nas composições. O resultado disto são músicas que provam o poder da composição em conjunto, com a influência de todos, e que ficaram muito ricas. As pessoas sentirão isto claramente ao longo do CD.
5 - Quais foram às influências que tiveram na hora de compor as canções do novo CD?

(Elipê) Muita coisa nova entrou em cena. Os trabalhos mais recentes do Foo Fighters e Coldplay foram geniais, muito do Silverchair e Audioslave também influenciaram. Coisas mais clássicas como The Beatles, e até sons recentes mais pesados, como Dream Theater e Deftones, deixaram suas pitadas. Exploramos mais blues e definitivamente um flerte maior com a MPB: Marcelo Camelo, Ana Cañas, Marisa Monte, Toquinho, Chico e Zeca Baleiro talvez sejam as influências mais visíveis. Mas sempre com a nossa mão, o nosso traço de composição e energia, é claro.

6 - Como a Internet auxiliou no crescimento da banda?

(Mateus) Muito vêem a internet como uma vilã, mas pra Elipê é exatamente o oposto. O nosso world map do MySpace (Mapa que mostra os acessos no mundo inteiro) nos surpreende a cada semana. Depois do Gás Sound então ela se tornou uma gigantesca porta de entrada para novos fãs. Muito do que conquistamos hoje devemos a ela (inclusive essa entrevista também)! (Risos).

(Thiago) A internet exerce outros papéis fascinantes entre os períodos de shows da banda. Antes de ir a uma apresentação, muita gente descobre o trabalho da Elipê pela internet e então
comparecem, cantam com a gente e levam CDs. Após os shows, muitos fãs retornam para saber mais da banda e baixar músicas, e também levam CDs (Risos). Além disto, as pessoas dão respostas, verdadeiros feedbacks, interessantes sobre nossas apresentações, sobre as músicas.
Fazer música é uma responsabilidade muito grande sobre as pessoas que curtem então a internet também nos ajuda a entender melhor esta troca.
7 - Como enxergam o cenário do rock brasileiro atualmente?

(Elipê) O Brasil passa por uma explosão de projetos musicais, sobretudo projetos de rock. E acreditamos em dois principais motivos que possibilitaram este crescimento: (1) o barateamento do custo de gravação e produção de um CD com excelente qualidade e (2) a internet, indispensável ferramenta de divulgação, promoção e distribuição. Isto fez crescer e fortalecer a cena independente nacional, que também passou a se conhecer melhor. E assim, passamos a conhecer e gostar de novos bons nomes da música nacional, e sem a “intervenção” das gravadoras tradicionais, o que dá um gostinho muito bom de poder nas mãos da música. Onde estariam hoje os myspaces de Cazuza e Renato Russo? Quantos deles não estão escondidos por aí sem a gente ver? “É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem!”.
As gravadoras ainda exercem um papel fortíssimo na divulgação de uma banda, mas não fundamental. Se parar pra pesquisar, vai ver que grandes bandas de rock nacionais não são mais totalmente atreladas às gravadoras, às vezes nem parcialmente. E as bandas pequenas estão experimentando isto. O mercado fonográfico está se reorganizando, é momento de ser muito criativo e atento às novas mudanças.
8 - O que faz a banda "Elipê" ser diferente das demais?

(Elipê) Não sei exatamente onde mora o famoso “diferencial” da Elipê! (Risos)! A gente sempre fez desde o início um som extremamente sincero e honesto. Cada verso de cada letra, cada arranjo, nada está aí por acaso. Acho que o público sente isso. Nós somos uma banda que trabalha demasiadamente, quase um vício, uma droga. A gente se permite mudar sem medo, experimentar com a cabeça aberta e procuramos evoluir sempre. Se isso é um diferencial eu não sei, mas é o que nos move em direção a nossos objetivos.
9 - Planos para o futuro.

(Elipê) Gravar o segundo disco e lançá-lo. Promover este CD em todo o Brasil todo e realizar shows com as novas músicas tanto em Salvador quanto em outras cidades.
10 - Qual a dica que deixam para as bandas novas?

(Mateus) Estudem música, ouçam muito som diversificado e deixem a música fluir do coração. O resto vem atrás disso.

(Thiago) Além de ser sincero com a música de vocês, entendam como funciona o mercado da música. Pesquisem como a roda gira e corram atrás para mostrar o trabalho da banda de vocês. Não esperem somente os festivais, os shows, os convites, mas façam acontecer. Usem a internet, criem projetos, criem eventos, façam shows, criem parcerias etc. Isto é difícil, mas é um caminho para a independência e a valorização do trabalho.

(Elipê) Obrigado ao site Rock Salvador pelo convite à entrevista!
Como assim, ainda não conhece a banda? Acesse agora: http://www.myspace.com/elipe