1 de outubro de 2011

Rock In Rio, noite de misturas (Parte II)

Portal MTV

Na segunda parte dos resumos do 5º dia do Rock In Rio, você confere o show de Lenny Kravitz e a apresentação "caliente" de Shakira em uma noite espetacular...

Lenny Kravitz (Foto Oficial do Rock In Rio)
Lenny Kravitz - Esta sexta-feira (30) foi o dia de Rock in Rio com line-up mais sem pé nem cabeça no Palco Mundo, teve com axé, pop, pop rock e rock. O rock propriamente dito ficou por conta de Lenny Kravitz, o americano que não lança nada de muito interessante há muitos anos.

No penúltimo show do dia no Rock in Rio, Lenny trouxe rock entre um show do axé de Ivete Sangalo e o pop de Shakira. A apresentação começou energética com 'Come On Get It', música de seu mais novo disco, mas que não foi muito bem recebida pela plateia, que esfriou depois de receber o cantor de forma epolgada. Entretanto, estava declarado o momento de rock no Palco Mundo do Rock in Rio.

Por essas e outras, o Kravitz optou privilegiou em seu set list músicas dos discos lançados nos anos 90 e começo dos 2000, passando pelos principais momentos de sua carreira, sem se prender nos hits unânimes. Neste ponto, o cantor mostrou personalidade na escolha das músicas, sem pensar em agradar ao público, mas apresentando canções que pudessem mostrar a força de sua banda, com destaque para os solos de guitarras e os naipes de metais funkeados no palco. Lenny mostrou que ainda tem atitude rock and roll, produzindo belos solos de guitarra, tocando violão e mostrando que ainda tem pegada ao vivo.

Quem não entendeu muito bem foi o público que esperava ver a Shakira e engolia a apresentação sem muito entusiasmo. Ele até tentou interagir em português e incentivar as pessoas a cantar, mas não foi acompanhado por um grande coro da plateia, ávida pelo dançar da colombiana. Para não desanimar nem os músicos no palco, o show foi salvo pelos hits infalíveis como 'American Woman', 'Always on the Run', 'Fly Away' e 'Are You Gonna Go My Way'.

Para fechar, uma longa apresentação de 'Let Love Rule', com uma eterna interação do guitarrista no meio da plateia que dividia o Palco Mundo, com direito a tentativa de colocar o povo para cantar e corrida de Lenny abraçado em uma bandeira brasileira.

No geral foi um bom show, que poderia ter ficado melhor e mais receptivo em outro dia de festival, não em meio a um line-up estranho, ou até mesmo em outro Rock in Rio - em 2001 seria uma excelente atração.

Shakira (Foto Oficial do Rock In Rio)
Shakira - Nem o atraso de mais de meia hora conseguiu tirar o brilho da única apresentação da noite que não extravazou clichês. Sem dançarinos bombados típicos de qualquer show de pop, com encenações teatrais e uma expressão musical sincera, Shakira encantou a Cidade do Rock no fechamento do quinto dia de Rock in Rio.

A colombiana andou por outro caminho, seu show foi artístico de verdade, e não uma encenação artificial. Antes mesmo de entrar no palco, já rolava um sampler 'eletro-latino' para preparar o ambiente. O volume vai se abaixando e do fundo do palco se ouve o início de 'Estoy Aqui', marcando o início do show.

Ela chega ao palco toda carismática, falando em português, ainda sem rebolar. O curioso é que não é de costume da cantora começar seu show tocando o hit que consagrou sua carreira. Dizem que a música foi incluída no repertório após os brasileiros sentirem a falta da canção em sua passagem pelo Brasil com a turnê 'Sale el Sol World Tour', no começo deste ano.

Ela quis mesmo agradar. Em português perfeito, soltou: "Estou aqui para satisfazê-los! Aproveitem essa noite, eu sou toda de vocês", antes de dizer que ama o Brasil. Foi então que o rebolado chegou ao Rock in Rio, com 'Whenever'. Se antes a cantora estava com pinta de rockeira, toda empolgada, levantando o pedestal daqui pra lá, agora ela exibe seu lado sexy e o tal do pedestal quase vira pole dance.

Shakira (Foto Oficial do Rock In Rio)
À essa hora, Shakira resolveu causar e chamou algumas fãs para subirem ao palco. "Vamos lá, é só fazerem o que eu faço", disse ela, como se fosse fácil a tarefa que viria adiante, quando a cantora começou a rebolar de um lado para o outro, passo a passo, para frente e para trás. As brasileiras até tentaram, ficou bonito, mas a elevada latina virou funk em seus quadris.

Mas voltando à música, por detrás de Shakira esteve uma banda toda presente e enérgica. O instrumental foi um dos destaques do show, dando uma base emocional forte para as performances teatrais da cantora colombiana, principalmente nas músicas mais lentas como 'Inevitable', 'Nothing Else Matter' (cover Metallica) , 'Gypsy' e 'Las de La Intuición', quando o público não precisou gritar histericamente pra demonstrar que estava gostando.

Foi pra Ke$ha aprender como fazer pop. Shakira se jogou no chão, rebolou, se vestiu de noiva abandonada, tocou gaita, guitarra, tudo com muita arte e na hora certa. Ela demonstrou que antes de ser estrela do pop, é necessário ser música, saber o que faz, pelo menos se quiser fazer isso direito.

No final, sua roupa já estava menor, só com um top e uma saia longa, que ressaltaram o lado sexy da cantora que foi sendo demonstrado naturalmente durante o show, nada de exibições forçadas, só o natural.

A surpresa da noite, que já não era tão surpresa assim, foi quando a colombiana se despediu do público toda com lágrimas nos olhos e voltou para o Bis chamando a brasileira Ivete Sangalo para subir ao palco. Juntas, elas cantaram 'País Tropical', famosa na voz de Jorge Ben.

Daí pra frente, Shakira deu uma dose de adrenalina para fechar sua noite de amor e arte com o público da Cidade do Rock. A cantora apresentou 'Hips Don't Lie' e 'Waka Waka' e fechou a noite que, mesmo sendo cabível de sofrer críticas em relação à diversidade de gêneros além do bom senso, trouxe uma noção de pop diferente do que foi exibido no Palco Mundo durante os demais dias.